Novo papa, Leão 14 já esteve no Brasil diversas vezes; veja em quais cidades

09/05/2025 (09hs42m) - O novo papa, Leão 14, escolhido após a morte de Francisco, já esteve no Brasil pelo menos quatro vezes antes de assumir o trono de São Pedro. Na época, ainda era conhecido como cardeal Robert Francis Prevost e participou de eventos ligados à Igreja Católica em diferentes cidades brasileiras, como Campinas, São Paulo, Guarulhos, Belo Horizonte e outras. A forte presença no país marca uma trajetória de proximidade com a realidade dos fiéis brasileiros.

A primeira visita de Leão 14 ao Brasil ocorreu em 2008, quando ele era superior geral da Ordem de Santo Agostinho. Na ocasião, participou da posse de um padre na paróquia Santo Antônio, no bairro Ponte Preta, em Campinas, interior de São Paulo. Ao lado do então arcebispo dom Bruno Gamberini e de outros padres, o agora papa celebrou uma missa e tirou fotos com os confrades agostinianos.

“O padre Robert Francis Prevost era responsável por visitar e orientar os membros da congregação ao redor do mundo”, explicou o padre Luiz Carlos Magalhães, que esteve presente no evento.

Em 2012, o então cardeal retornou ao país e celebrou missa na paróquia São Carlos Borromeu, no bairro do Belém, zona leste da capital paulista. Segundo o bispo dom Cícero Alves de França, essa foi a segunda visita. Na mesma época, ele também esteve em Guarulhos (SP) e Belo Horizonte (MG). Já em 2013, voltou ao estado de São Paulo para visitar o Colégio Agostiniano Mendel, dentro da programação da Pré-Jornada Mundial da Juventude, realizada antes da chegada do papa Francisco ao Brasil.

O agora pontífice também visitou o Colégio Santo Agostinho, em Belo Horizonte, no ano de 2004, durante as comemorações de 70 anos da instituição. Em 2012, passou por Minas Gerais, São Paulo e até pelo Paraná, sempre com o objetivo de acompanhar de perto as comunidades agostinianas.

De acordo com o frei Jeferson Felipe Cruz, que fez seus votos nas mãos do novo papa durante uma cerimônia em Minas Gerais, Prevost sempre demonstrou humildade e atenção aos outros. “Muito cortês, sereno, educado e delicado no trato com as pessoas”, afirma.

Já o frei Maurício Rocha, prior da Província Agostiniana do Brasil, reforça que Leão 14 possui forte ligação com a América Latina e um estilo de liderança voltado à vida comunitária. “O que nos marcava era a serenidade dele. Um homem tímido, porém com um sorriso. Um homem profundamente espiritual e com um coração missionário.”

A Ordem de Santo Agostinho, à qual pertence o novo papa, é uma das mais antigas da Igreja Católica, baseada nos valores da caridade, vida interior e serviço ao próximo. Não por acaso, membros da ordem acreditam que esses princípios nortearão o pontificado de Leão 14.

A CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil) também destacou a trajetória de Prevost e revelou que ele havia aceitado um convite para pregar no retiro da Assembleia-Geral da entidade, previsto para acontecer entre 30 de abril e 9 de maio. As passagens já estavam compradas, mas o evento foi cancelado com a morte de Francisco.

Fluente em português, espanhol, italiano, francês, além de sua língua materna, o inglês, Leão 14 também lê latim e alemão, o que reforça sua imagem de um religioso preparado para uma liderança global. Nascido em Chicago, ele viveu mais de 20 anos no Peru, onde se tornou bispo e foi naturalizado como cidadão peruano.

Religiosos e instituições brasileiras comemoraram a eleição do novo pontífice. Em nota, a CNBB expressou “profunda alegria e gratidão a Deus” e afirmou que o Brasil acolhe Leão 14 “com o coração aberto”. Para muitos frades, ele deverá dar continuidade às iniciativas de Francisco, mas com um toque próprio, influenciado pela espiritualidade agostiniana.

Quem é o novo papa Leão 14

Nascido em 14 de setembro de 1955, em Chicago, Prevost ingressou no noviciado da Ordem de Santo Agostinho em 1977 e fez os votos perpétuos em 1981.

Formado em Matemática pela Universidade Villanova, tem mestrado em Teologia pelo Catholic Theological Union, em Chicago, e doutorado em Direito Canônico pelo Colégio Pontifício de Santo Tomás de Aquino, em Roma.

Ele é tido como mais progressista no campo social do que outros cardeais americanos —considerados conservadores e, em muitos casos, opostos a Francisco—, mas sem inclinação para alterar a doutrina católica.

Por causa de sua experiência missionária, chegou ao Peru nos anos 80, viveu por duas décadas no país e se naturalizou peruano. Em 1998, retornou aos EUA para chefiar a ordem agostiniana na sua cidade natal.

Leão 14 voltou ao Peru em 2014, quando o papa Francisco o nomeou para a diocese de Chiclayo, no norte do país. Ele se tornou bispo de Chiclayo no ano seguinte e atuou como vice-presidente e membro do conselho permanente da Conferência Episcopal Peruana de 2018 a 2023.

Em seu discurso na sacada da basílica, o novo papa proferiu parte de sua fala em espanhol. Agradeceu ao papa Francisco e disse que ser “filho de Santo Agostinho, agostiniano, que disse ‘com vocês sou cristão, para vocês, bispo'”.