Alunos de São Francisco de Goiás dizem que escola os impediu de fazer Prova Brasil

De acordo com o Jornal O Popular, pelo menos 11 alunos do Colégio Estadual Antônio Ferreira Rios, em São Francisco de Goiás, teriam sido constrangidos ao serem impedidos de realizar a Prova Brasil na última quarta-feira, 25 de outubro.

Uma das estudantes formalizou denúncia junto à Secretaria Estadual de Educação, Cultura e Esporte (Seduce) e diz que foi separada do restante da turma por não apresentar desempenho alto, como os colegas que continuaram em sala. A aluna acredita que foi prejudicada para que a nota da escola no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), que é calculado a partir dessa avaliação, seja alta.

A aluna, de 18 anos, cursa o 3º ano do ensino médio. Ela conta que no dia da prova, a diretora da unidade, Rosemeire Bessa, a chamou pelo nome, assim como outros alunos que estudam com ela. “Fomos encaminhados para a sala de vídeo e recebemos uma prova para fazer. Mas ela era muito diferente, não tinha meu nome gravado e o gabarito chegou tarde, como se ele ainda estivesse sendo confeccionado.” A aluna disse que foi questionar a direção da escola, mas não obteve resposta satisfatória. “A diretora me disse para questionar a subsecretaria de educação.”

Irmã de uma aluna convidada a fazer a prova em outro local, disse que a alegação foi que a sala estava cheia. Mas a irmã disse que os alunos foram chamados nominalmente e que não havia fiscal acompanhando esses poucos alunos na sala de vídeo, portanto, não estariam fazendo a mesma prova. Ela e outros pais de alunos planejam encaminhar a denúncia para a esfera federal, por se tratar de uma prova do Ministério da Educação (MEC).

Ela diz que os familiares se sentiram ofendidos por terem sido separados por conta da capacidaddde de resultados nessa prova. Outro estudante confirma que também foi retirado da sala para fazer a prova separado de outros alunos. Ele pede para não ter o nome divulgado, mas concorda com a menina e com a irmã da colega e disse que ficou constrangido em receber uma prova diferente.

“Agora seremos apontados como burros pelos colegas. Se a gente não tá bem, temos que mostrar que não estamos. Achei estranho, mas não questionei porque tenho medo.” O aluno admite que não tinha interesse em fazer a prova, por medo de se sair mal e ser prejudicado. “Só depois as colegas me explicaram que o prejuízo não é meu, mas da comunidade escolar.”

Direção

Uma professora da escola que percebeu o ocorrido entrou em contato com o Conselho Tutelar da cidade para formalizar uma denúncia. O conselho confirma que recebeu as informações e que os fatos serão reportados ao Ministério Público. A professora preferiu não conversar com a reportagem, apenas confirmou que esteve no local para listar as irregularidades que percebeu no dia da avaliação.

A reportagem tentou contato com a subsecretária Maria Umbelina Pereira Ruggeri, mas ela não atendeu às ligações. A diretora da escola, Rosemeire Bessa, falou com a reportagem e negou qualquer situação anormal no dia da prova. “É uma prova externa, não somos nós quem fazemos ou aplicamos a prova. Não temos qualquer responsabilidade caso tenha ocorrido algum problema.”

Ela não respondeu quais foram os motivos para retirar, nominalmente, esses alunos do 9º ano do ensino fundamental e do 3º ano do ensino médio da sala de aula para que realizassem provas diferentes. Ela se limitou a dizer que a prova foi aplicada de maneira tranquila e dentro do previsto.

Diretora do núcleo pedagógico da Superintendência Regional de Educação de Goianésia, Pollyana Mendonça Otoni também disse que a prova correu de forma tranquila e que não foi notificada sobre qualquer intercorrência.

Secretaria nega orientação

A Seduce considerou a denúncia grave, informou que não houve orientação da pasta para esse tipo de procedimento e informa que vai apurar o caso junto à coordenação de aplicação da prova e à unidade escolar para tomar as devidas providências, além de aplicar as punições que se fizerem necessárias.

A secretaria diz que tem realizado diversas ações visando estimular a participação de todos os alunos da rede pública de ensino na Prova Brasil.

A pasta encaminhou nota onde detalha que é de interesse da Seduce o maior número de participantes, uma vez que a escola só obtém o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) caso haja a participação de pelo menos 80% dos alunos matriculados e devidamente informados no Censo Escolar.

Tal indicador é essencial para a Seduce avaliar o desempenho das unidades escolares e, assim, definir estratégias em prol do desenvolvimento da educação pública estadual.

A titular da pasta foi informada pela estudante sobre o caso por WhatsApp. Raquel Teixeira respondeu às mensagens da estudante dizendo que mandaria apurar o caso e que essa nunca foi uma orientação da secretaria porque ela mesma defende a lisura nesse e em todos os processos dentro da Seduce. A secretária agradece o alerta e diz que ele permitirá “corrigir rumos”.

Reportagem Cristiane Lima / O Popular